Idosos em condomínios: dicas e cuidados com acessibilidade

Você sabia que segundo estatísticas, nos últimos 5 anos houve um aumento de 19% da população de idosos no país? Hoje, a Administradora Nacional faz um convite para a reflexão: seu condomínio trata com atenção os moradores idosos?

O aumento da população de idosos reflete também no seu poder de compra, uma vez que eles são os que mais procuram e compram seus apartamentos ou casas próprias e, claro, estão de olho nas propostas das construtoras sobre acessibilidade, como prevê a lei.

Separamos algumas dicas e informações relevantes sobre como tornar os espaços melhor adaptados para os idosos em sinal de respeito e consideração a moradores que precisam de uma atenção em especial e como cidadãos já contribuíram e muito para a nossa sociedade.

Como tornar o condomínio acessível para os idosos?

Atualmente, muitos dos novos edifícios já são pensados nos idosos e nas suas necessidades. Na verdade, de acordo com especialistas, a maioria dos prédios que foram levantados até 2004, não incluíam as regras de acessibilidade previstas pela NBR 9050, por isso, caso o seu condomínio não tenha sido projetado conforme estas regras, é possível e necessário, promover algumas alterações e proporcionar maior qualidade de vida aos moradores idosos, como atrair novos moradores da mesma faixa etária também.

Piso antiderrapante: pode parecer óbvio, mas os pisos precisam de atenção redobrada, afinal, os do tipo liso ainda que não alterem muito a vida dos outros moradores, para os idosos favorecem quedas, como também tapetes curtos e finos que estejam em ambientes comuns ao condomínio como a própria entrada.

Caso não seja possível mudar o piso, colocar em partes de acesso como a entrada e subida de uma escada materiais antiderrapantes que possam ser aderidos ao piso.

Rampas de acesso: são projetadas para substituir as escadas em locais comuns do edifício. Devem obedecer a norma 9050 sobre a sua inclinação máxima – já que uma rampa super inclinada não iria ajudar no deslocamento e é muito importante para idosos que usam cadeira de rodas ou bengalas. Inclusive, é bom lembrar também que deve haver um aumento da clausura para que caiba mais que uma cadeira de rodas, o que dá conforto e segurança total para a passagem deles independente do tamanho.

Corrimãos: falando em rampas de acesso, é importante ter tanto nelas, quanto em escadas e outros espaços próximos ao acesso dos idosos, os corrimãos. Começando e terminando a parede para total acessibilidade deles.

Acesso nas piscinas: é essencial trocar escadas de alvenaria por escadas de inox, ao menos em uma parte da piscina, para favorecer a entrada e saída dos idosos de maneira que evitem escorregar ou cair.

Elevadores: além de estarem com os cuidados de manutenção em dia para que sempre estejam disponíveis para os idosos, é uma alternativa, caso o condomínio ainda não disponibilize as rampas de acesso segundo as normas NBR 9050.

Portas: as normas NBR 9050 pede que as portas tenham a largura suficiente para passar cadeiras de rodas, costumam ser aproximadamente com 90 cm de folga.

Banheiro para idosos: como torná-los mais seguros? colocando barras de apoio corretamente dentro dos banheiros das áreas comuns do prédio.

Como preparar os funcionários para receber bem os idosos

Chegamos na parte do cuidado com os moradores idosos que vão muito além do que questões físicas de acessibilidade, estamos falando do trato dos funcionários e moradores com esse público, o que é importantíssimo para o convívio tranquilo e confortável deles.

Reúna seus funcionários do condomínio e dê, ainda que simples, um treinamento sobre como tratar os idosos. Prepare-os para que sejam pacientes, colaborativos e aptos para oferecer ajuda no dia a dia, sem soarem invasivos ou indiferentes.

Pense por exemplo no caso dos porteiros, os funcionários que são o cartão-visita do condomínio e lidam com todo tipo de gente todos os dias. O público idoso costuma se dividir entre dois grupos, os que costumam ser relutantes em aceitar ajuda e os que procuram não parecer que estão precisando dela. Um porteiro pode quebrar o gelo dessas situações sendo educado e prestativo quando um idoso chegar com sacolas de mercado, ou entrando com o carro na garagem, ou subindo uma rampa.

Diga para eles ficarem de olhos nessas situações em que os idosos pareçam confusos ou com dificuldades e que, sutilmente, se mostrem disponíveis.

Por último, treine os funcionários também para ter noções básicas de primeiros socorros. Além de previsto por lei e, segundo a Norma Regulamentadora NR-7, ao menos um funcionário deve ter este preparo capaz até mesmo de salvar a vida de um morador idoso em caso de emergências de saúde.

Caso os funcionários do seu condomínio sejam terceirizados, sonde com a empresa contratada se eles recebem treinamento para lidar com idosos, caso contrário, existem muitos cursos simples de capacitação que é possível oferecer a eles. Considere esta característica no profissional do seu prédio, essencial e indispensável.

Como pode oferecer outros diferenciais para os idosos?

Seu condomínio tem uma academia ou está pensando em construir uma? Disponibilize equipamentos voltados ao público idoso e, claro, profissionais de educação física também preparados para lidar com este público.

Áreas verdes e jardins costumam cativar muito os idosos. Além da beleza, é um ambiente tranquilo para que passeiem e passem boa parte do tempo. Mantenha o cuidado desse ambiente em dia, que tal começar uma horta? Converse com os idosos em Assembleia sobre o que eles acham disso.

Como sugestão no play, ter espaços de mesa de sinuca e/ou carteado é uma ótima opção de lazer para os idosos dentro do prédio, como também para os outros moradores. Todo mundo sai ganhando.

Como lidar com conflitos com idosos?

Recentemente fizemos um artigo falando sobre o futuro dos comunicados para a Assembleia por meios eletrônicos como aplicativos. Os idosos, em sua maioria, tem dificuldade ou resistência em utilizar qualquer tipo de tecnologia. Para que a informação não se perca, além de colocar as datas e horários das reuniões em papéis pelo prédio, os quais também podem passar desapercebido por eles, faça um convite informal mesmo, aborde-os com cuidado e avise, mas não deixe de contar com sua participação para que isso não soe desrespeitoso para eles, nem possa virar um conflito no futuro.

Caso o idoso faça algum barulho inadequado que atrapalhe os vizinhos, ou tenha qualquer atitude errada segundo as normas do prédio como usar a sacada de varal, realizar uma obra sem aviso e votação prévia, ele deve ser chamado e alertado da mesma maneira que os outros moradores, cordialmente e respeitosamente. Seja cuidadoso e explicativo, para que não soe como uma questão pessoal, e sim uma reclamação comum e geral.

Sobre os idosos que moram sozinhos e infelizmente tem algum problema de saúde que cause confusão mental ou qualquer outra instabilidade de comportamento, é importante lembrar que o condomínio não é responsável por ele, nem pelos cuidados mais específicos que sejam necessários. Entretanto, não podemos deixar um morador em situação difícil sem oferecer ajuda. Procure algum contato familiar ou de amizade e informe sobre o que está acontecendo com este idoso. Caso suas famílias se mostrem indisponíveis e não ajudem o idoso, é possível fazer uma denúncia a polícia por negligência familiar para que sejam enquadrados no Estatuto do Idosos.

É dever do síndico chamar para conversar o idoso que tenha alguma atitude desrespeitosa com qualquer morador que seja, não é porque esperamos fragilidade dos idosos, que eles em alguns casos podem ser desrespeitosos. Caso em uma primeira advertência o comportamento permaneça, o condomínio pode tomar ações judiciais tanto por assédio ou dano moral.

Fique atento a eventuais implicâncias que os moradores possam ter com os idosos. Infelizmente o preconceito contra a terceira idade é real, e nem sempre toda reclamação terá um fundo verdadeiro, por isso, investigue e caso o idoso esteja sendo vítima de algum tipo de perseguição, alerte a pessoa que esteja fazendo isso com ele, sendo passível de punição.